4 - Município de Sarandi

Vejam caros alunos(as), como exemplo, a divisão em Municípios do Estado do Paraná Ele, (o Estado do Paraná) esta na 5a. Posição, pertence à Região Sul e divide-se em 399 Municípios. 1 deles é o nosso Município! O número de Municípios varia muito de Estado para Estado (Saiba mais também lendo em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paraná):

Cartogramas da Sinopse Preliminar 2010
http://cartageografica.blogspot.com/2011/07/municipio-de-sarandi-cartogramas-da.html

Seguem abaixo alguns cartogramas referentes aos dados estatísticos preliminares levantados pelo Censo Demográfico 2010 junto ao Município de Sarandi, localizado na Microrregião de Maringá, Mesorregião do Norte Central Paranaense, cuja população residente total é de 82.847 habitantes (IBGE, Censo 2010).

Localização do Município de Sarandi no Estado do Paraná (Base Cartográfica IBGE, 2010):

 Neste contexto são implantadas diversas cidades no Norte do Paraná polarizadas por essas quatro cidades, entre elas Sarandi. data de 1935 o início da ocupação da área que corresponde atualmente ao Município, quando foram adquiridos por imigrantes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Nordeste, os primeiros lotes de terras. Em maio de 1947, é fundado o Núcleo Urbano em Sarandi, projetado pela CMNP (Companhia Melhoramentos Norte do Paraná) para abrigar cerca de 2200 habitantes, classificado como um patrimônio (ou vila), localizado entre os núcleos urbanos de maior porte dentro do Projeto Regional: Maringá e Marialva.

Desenho da localização de Sarandi – destaque em preto do perímetro urbano atual dos Municípios de Maringá, Sarandi e Marialva, respectivamente. (Fonte: Bases Cartográficas IBGE. Organização: Autora, 2008):

Contrariando o projeto original da CMNP, a Cidade de Sarandi conta atualmente com um número de 79686 habitantes e um dos índices de crescimento demográfico maiores do Brasil, de 5% ao ano (IBGE 2007). Este expressivo crescimento deve-se principalmente à proximidade ao Pólo da Região Metropolitana à qual pertence, a Cidade de Maringá, com a qual Sarandi é conurbada. O principal atrativo à produção do solo urbano nesta trata-se do custo do solo reduzido em relação à cidade pólo.

Espacialmente, o resultado deste expressivo crescimento urbano – tendo sido direcionado principalmente pela ação dos agentes imobiliários – se expressa por: Desordenamento e segmentação da expansão urbana, Periferização dos bairros, Atendimento desigual no que concerne à infra-estrutura e serviços públicos. Um diagnóstico do plano diretor de Maringá (1991) destaca aspectos da urbanização de Sarandi, cuja expansão, segundo este documento, pode ser considerada, “...caótica, pois se deu obedecendo à lógica exclusiva da especulação imobiliária, que muitas vezes não respeitou, sequer o princípio preliminar da manutenção das diretrizes do sistema viário. A resultante deste processo é um tecido urbano desarticulado, apoiado em padrão de parcelamento bastante inadequado, e num sistema viário no qual é de difícil percepção a hierarquia” (Plano Diretor de Desenvolvimento de Maringá 1991).

O presente artigo tem como finalidade demonstrar que apesar do título de caótico atribuído a Cidade de Sarandi, a constituição da sua forma urbana está intimamente ligada ao fato de a mesma estar inserida dentro de um plano de colonização, tendo no parcelamento fundiário rural projetado e nas grandes infraestruturas regionais previstas dois fatores determinantes da sua morfologia urbana. Quanto aos principais atores da produção do espaço urbano, aparecem as incorporadoras que tiveram maior capacidade de acumular terras – principalmente 03 imobiliárias – por meio de um crescimento de caráter fortemente especulativo.

Os métodos de pesquisa empregados no presente artigo foram, primeiramente, o levantamento de dados no cadastro imobiliário municipal (Loteamentos aprovados ano a ano e os agentes imobiliários responsáveis por cada loteamento) e, posteriormente, o confronto entre a forma e a evolução dos loteamentos, a configuração do parcelamento rural original, bem como, a implantação de grandes infra-estruturas regionais ao longo do tempo – apoiando-se para tal em fotografias aéreas e mapas de diferentes épocas. A fundamentação teórica do estudo foi realizada através de uma leitura da cidade com relação a sua morfogênese, no sentido definido por Castex (1995), que se diferencia, de uma maneira geral, do termo morfologia, por descrever não só apenas as transformações do tecido da cidade, mas também evidenciar os problemas temporais da mesma, o estudo dos agentes sociais que implicam nas mudanças do tecido, as mudanças de referencias e de comportamentos.

“em sua forma atual, [a morfologia] descreve o processo de transformação do tecido construído da cidade. ela trata de uma estrutura hierarquizada, ela mostra as alterações, os desaparecimentos, como um signo se destrói e muda de significado, a reconstrução de uma outra estrutura por um processo de crescimento e desenvolvimento. parece que devemos preferir o termo morfogênese (o estudo do processo de formação e transformação do espaço construído) ao invés de morfologia (estudo das formas). A morfogênese estuda um objeto em vias de modificação e não um objeto estático (...)” (Castex 1995:79).

A leitura do mapa do parcelamento rural original do Município de Sarandi, 1954 (Fonte: Acervo Cartográfico da CMNP), exibido acima, nos permite observar a estrutura fundiária rural original do Município de Sarandi, cuja configuração segue o padrão de parcelamento da CMNP: as propriedades rurais localizam-se nos vales, perpendicularmente aos cursos d'água, todas com aproximadamente a mesma área, com as estradas localizadas no espigão entre dois cursos d'água (carvalho 2000: 60). Destaca-se que ao redor do núcleo urbano foram projetadas propriedades rurais de tamanho mais reduzido (inseridas na gleba patrimônio). De acordo com Delsdet Pereira de Souza (2009) – Topógrafo funcionário da CMNP desde 1966 – o intuito disto era atribuir uma maior dinâmica à vida do patrimônio, induzindo através do dimensionamento a uma ocupação de caráter mais familiar, com atividades ligadas a hortigranjeiros. Adiante será demonstrado que grande parte dos loteamentos urbanos de sarandi insere-se na estrutura destas pequenas propriedades rurais contidas na gleba parimônio.

As imagens abaixo mostram a localização do Patrimônio Sarandi e da Vila Vera Cruz na década de 50 e 60, assim como, as vias de acesso aos mesmos. observa-se que originalmente ambos eram acessados por uma estrada que ligava as Cidades de Londrina e Maringá, a atual Avenida Maringá, posteriormente também passam a se conectar também pela ferrovia (1953). Em 1965 foi inaugurada a via que passou a ter maior importância na conexão regional, a Rodovia BR 376, que é hoje o principal acesso a cidade:

Até a década de 60 Sarandi contava apenas com o patrimônio fundado pela CMNP e um povoado chamado Vila Vera Cruz (de iniciativa individual), disponíveis para ocupação urbana conforme a figura acima com imagens aéreas do patrimônio e da Vida Vera Cruz em Sarandi, nos anos de 1953 e 1963 respectivamente (Fonte: Acervo Iconográfico do Instituto Ambiental do Paraná), de acordo com José Lazaro Pereira (2008) pioneiro do Município, estes assentamentos também eram conhecidos como “quilômetro 118” e “quilômetro 115”, respectivamente, valores estes que representavam a distância do núcleo Urbano de Londrina até os mesmos. Estes assentamentos foram traçados com arruamento e lotes bem definidos, tendo o núcleo principal, parcelado pela CMNP, lotes de 560 a 600m². E a Vila Vera Cruz terrenos de 1000m².

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Os primeiros estabelecimentos do patrimônio dos quais se tem registro foram instalados logo nos seus primeiros anos de fundação: uma venda de secos e molhados (sem registro de data) e um comércio de mercadorias em geral (1949). Quanto aos equipamentos institucionais tem-se que: em 1950 foi fundada a primeira Igreja, em 1953 foi construída a estação ferroviária e em 1958 se instalou uma Agência dos Correios (Sarandi 1987).

Imagem de um dos primeiros estabelecimentos comerciais de Sarandi - sem data:

Imagem da Primeira Igreja (1950) - Fonte - Sarandi 1987:

 Fotografia de um trecho da estrada que ligava Maringá a Londrina, a atual Av. Maringá, que passava por Sarandi - sem data:

Imagem da Construção da Antiga Estação Ferroviária (1953). Fonte: Acervo Iconográfico Prefeitura Municipal de Sarandi:

O projeto do núcleo urbano fundado pela CMNP é de autoria Engenheiro Wladimir Babkow, teve trabalhos topográficos de Engenheiro Alexandre Rasgulaeff e cálculos analíticos de Shigeoki Yokyama (Sarandi 1987). De acordo com Rego e Meneguetti (2006:103), o desenho idealizado para o patrimônio de Sarandi seguia o esquema básico das cidades projetadas por esta companhia: “diante da estação se estabelecia uma praça, dela nascia ortogonalmente o eixo urbano que conduzia ao centro da cidade, onde se abria a praça principal e se erguia a Igreja”. Observa-se que o traçado do patrimônio foi quase que totalmente implementado de acordo com o projeto original, somente a praça central sofreu uma alteração: originalmente esta seria segmentada pelas vias, no entanto esta foi construída sem tais interrupções: